|Let me fly away with you|.|Give me more than one caress, satisfy this hungriness|.|Let the wind blow through your heart|.|For wild is the wind, wild is the wind|.|For we're like creatures of the wind, and wild is the wind|.|Wild is the wind…|

19
Fev 06
Durante a maior parte da minha vida olhava para estes dias de chuva como dias tristes. Mas, como tudo nela, chegou a altura de os ver de forma diferente.
Ontem foi um dia que me entreguei à chuva. Estava um temporal imenso quando começou a escurecer. Carregava numa das mãos o guarda-chuva, noutra um cigarro aceso. Começou a chover aos poucos.
Primeiro umas gotas frágeis e envergonhadas que me acariciavam a pele como leves luvas ou toques de algodão. Olhei para o céu, estava totalmente escuro. Via o percurso descendente que elas faziam e o brilho intenso que se tornava magnífico, olhando-as assim de baixo para cima.
Já experimentaram olhar a chuva assim? É algo de maravilhoso.
Estava tão distraída com os brilhos dela e com os meus pensamentos que nem me apercebia que começara a cair mais intensamente. Esfreguei os olhos quando já não estava a conseguir ver grande coisa. Sim, estava diferente a chuva. Parecia agora cair intensamente como se soltasse tudo o que tinha lá dentro. Olhei para o cigarro apagado e meio desfeito e deitei-o fora, olhei para o guarda-chuva e mantive-o fechado.
Abri os braços e deixei que a chuva percorresse todo o meu corpo, como se me tocasse profundamente em cada pedaço. Não senti frio (o que é, de facto estranho) e estava totalmente encharcada. Começou a soprar um vento intenso, cheio de raiva mas com um toque quente. Acalmei o passo, era inútil tentar lutar contra a força dele.
Sentei-me no chão, algures perto de casa. E senti a cara inundada pela chuva. Soube-me bem esse momento. Parecia que a água se difundia comigo e o vento me abraçava.
Foi uma sensação magnífica! Estive alguns momentos a pensar apenas nela. Depois olhei para mim toda molhada... E decidi ir para casa. Fui largando pegadas de poças de água no caminho da entrada até ao meu quarto. E ri-me da minha tontice de andar a apanhar chuva por prazer.
Mas, de que valem estes momentos se não os abraçarmos com o peito aberto?
Sorri sozinha e, olhando para o espelho, reparei como parecia tão frágil assim com a roupa colada ao corpo, com o cabelo a pingar, com o percurso que as gotas faziam na minha pele...
Senti-me uma menina tonta que se descobre pela primeira vez. E sorri por algo que senti ali, assim.
publicado por nOgS às 20:13

Existem dias em que se deseja dizer tanto que as palavras se engasgam umas nas outras. Criam uma espécie de novelo na nossa garganta e tornam-nos mudos, impedem-nos de falar. Por outro lado, tmabém nos parece que, talvez, não existam palavras certas ou suficientes para expressar um certo momento ou sensação.
Hoje é desses dias... Em que queria dizer tanto, mas as palavras atraiçoam-me e fazem-me permanecer quase em silêncio.
publicado por nOgS às 01:17

15
Fev 06
Je T’aime Tant
Julie Delpy

Composição: Julie Delpy

Tu me suis tu me souris dans la nuit tu me séduis
Je sais que tu sais que je ne sais plus qui je suis
Je t'aime tant je t'aime tant pourtant
Comme le temps qui passe et ment j'attends
Toujours perdante tu me tourmentes
Et tes désirs me prirent pour me détruire
Je prends un certain plaisir à souffrir
A me punir à me repentir
Toujours soumise tu me méprises tu me rejettes tu me maltraites
Douleur et désir sont synonymes de mon plaisir
Je m'abandonne aux hommes sans souci ni tourment
Je me suis perdue sans retenue pour un jeune homme
Un peu hors de la norme
Tu me cherches tu me guettes tu me tiens et je me sens bien
Tu me prends si lentement je desapprends
Puis tu me rends mon tourment
Je serai ce qui te plaît la lumière sur ta peau
Celle qui t'attend à la porte
Et celle qui peu importe je serai ce que tu veux
La sueur sur ton front la brise dans tes cheveux
Ou celle qui te brisera le cou
Je te souris je te nuis je t'aime, je t'aime
Je te détruis je te tiens et tu viens
Tout est bien qui finit bien
Tu sais que je sais que tu ne sais plus qui tu es
Depuis que tu t'adonnes a nos petits jeux hors de la norme
Je te plaîs tu me plaîs
Nous sommes les amants du tourment
La nuit nous tuons l'ennui l'amour toujours nous suit
L'amour toujours nous fuit, l'amour toujours nous détruit
Comme la pluie et l'oubli comme des cris dans la nuit
Je t'aime tant je t'aime tant pourtant.
Je t'aime tant je t'aime tant pourtant.
Je t'aime tant je t'aime tant... Je t'aime tant... Pourtant.
Je t'aime tant
Je t'aime tant... Pourtant.

publicado por nOgS às 00:04

12
Fev 06
Esta música é como...
O que sinto neste momento.

"My Oh My" - David Gray

What on earth is going on in my heart
Has it turned as cold as stone
Seems these days I don't feel anything
Less it cuts me right down to the bone
What on earth is going on in my heart

My oh my you know it just don't stop
It's in my mind I wanna tear it up
I've tried to fight it tried to turn it off
But it's not enough
It takes a lotta love
It takes a lotta love my friend
To keep your heart from freezing
To push on till the end
My oh my

What on earth is going on in my head
You know I used to be so sure
You know I used to be so definite
Thought I knew what love was for
I look around these days and I'm not so sure

My oh my you know it just don't stop
It's in my mind I wanna tear it up
I've tried to fight it tried to turn it off
But it's not enough
It takes a lotta love
It takes a lotta love my friend
To keep your heart from freezing
To push on till the end
My oh my you know I just can't win
I burn it down it comes right back again
What kinda world is this we're living in
where you never win
It takes a lotta love
It takes a lotta love these days
To keep your heart from freezing
To keep your spirit free

My oh my you know it just don't stop
It's in my mind I wanna tear it up
I've tried to fight it tried to turn it off
But it's not enough
It takes a lotta love
It takes a lotta love my friend
To keep your heart from freezing
To push on till the end
My oh my it just don't stop
My oh my it just don't stop
My oh my it just don't stop

publicado por nOgS às 19:54

Foi junto à praia que nasceste. No meio da areia, sentada nas rochas. Ali estava a aparecer a tua primeira folha. Tão frágil, tão bonita. Meia insegura, meia perdida esperava por uma gota que a fizesse crescer.
Dei-te um beijo e novas folhas apareceram, envolvendo-me com carinho. Alimentei-te com beijos, abraços e carinhos e tu envolvias-me com esses braços repletos de folhas.
A cada dia que passava te tornavas mais maravilhosa, minha flor. Como te tornaste graciosa!
Quando te pude olhar de novo já tinhas flores nos teus ramos. E esse perfume, que elas libertavam, percorria-me de forma sublime. Senti o meu corpo inundado, até às entranhas mais profundas, por esse perfume doce. Lançavas-me borrifadelas desse néctar viciante. Nunca sentira nada de tão único.
Minha flor...
Como cresceste! Cheia de beleza e magia.
Como gostaria de poder observar, bem perto, as mudanças do teu corpo; o ritmo do nascer de cada folha, cada pétala, cada caule ou ramificação nova...
O teu nome? Chamar-te-ei Rosmaninho, devido à essência do teu perfume.
E espero, em breve, poder olhar-te de novo. Descobrir novas folhas, novas flores, novos troncos...
E quem sabe sentir de novo o toque aveludado e macio das tuas frágeis pétalas no meu corpo, a força do abraço dos teus troncos que me aquecem com folhagens douradas.
Espero por ti, minha flor.
Não esperas a primavera para chegares.
publicado por nOgS às 14:12

05
Fev 06
“Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.
(...)
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Às vezes um galo canta. Às vezes um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim”.

Cecília Meireles


Gosto desse texto porque há nele um elemento constante e necessário para a vivência de cada momento na nossa vida: a capacidade de continuarmos tendo a ingenuidade radical do olhar e do sentir, que atenta para as coisas simples da vida como se fosse pela primeira vez. O nosso olhar deve ser sempre inaugural. Porque tudo, todo dia, é novo ou renovado. O vento, como disse Cecília Meireles, até pode ser o mesmo, mas a resposta é diferente em cada folha...
publicado por nOgS às 20:10

01
Fev 06
No passado domingo nevou um pouco por todo o nosso país. Infelizmente não nevou no local onde me encontro... Pelo contrário, esteve sol cá fora e choveu cá dentro...
Gosto de imaginar paisagens com neve. Parece tudo tão puro, tão pleno na sua essência. Solto-me, por vezes, do corpo aspirando essa sensação de liberdade.
Mas a neve, como qualquer momento assim belo, também é frágil e efémera (pelo menos cá em Portugal). Basta um sopro, umas gotas de chuva para que a paisagem branca deixe de existir.
Imagino sons, sorrisos, imagens... Duas crianças brincando com bolas de neve, as esculturas originais ou trapalhonas, o frenesim dos gritos de alegria, o Pedro aquecendo as mãos de Inês... O delicioso sorriso dela, meio escondido pelo cachecol amarelo. O nariz amoroso dele, pintado por tons mais vermelhos do frio...

Crio histórias hipotéticas, como esta:

ADORO-TE NEVE!

- Olha! Olha!
Diz o Tomás, que tem 4 aninhos...
- O quintal está todo branco!
O seu olhar de fascínio contemplava toda aquela imensidão.
- Mamã! Mamã! Vem ver!
A sua mãe, chega à porta, meia estupefacta, abre os braços ao seu anjo pequenino. Já não via neve há tantos anos...
Ele, interrompe-lhe o pensamento, perguntando:
- Posso levar alguma neve para brincar lá dentro, para mais tarde?
A sua mãe sorriu e disse:
- Sabes, Tomás, a neve precisa de liberdade, de ar, deste céu azul; para que dance assim e ilumine os nossos olhos.
Ele olhou pensativo para o chão, durante alguns segundos, depois atirou-se, cheio de vida, para um montinho que tinha acumulado à porta de casa. E, abraçando-a, gritou:
- Adoro-te Neve! Não vás embora.
E, nisto, desfez em pedaços aquele monte com ar de nuvem. Rebolou energicamente nela, escurecendo um pouco as cores da sua roupa. Sentou-se e foi espetando os dedos naquela manta de magia, tacteando, sentindo a sua textura e os arrepios de frio que ela lhe causava.
Subitamente, começaram a cair envergonhados flocos de neve, criando diversas formas pelo ar. Tomás pulava, saltava, tentava voar para apanhar, agarrar "aqueles bichinhos irrequietos". Aqueles pedaços voadores ora pareciam bolas de algodão, ora leves e frágeis penas de um borracho bébézinho.
Os flocos multiplicavam-se cada vez mais, cresciam, caíam com maior intensidade. E, Tomás vibrava com toda aquela emoção! Como são entusiasmantes as gargalhadas de uma criança.
- Tomás! Tomás!
Era a chamada da sua mãe.
- Anda para dentro, senão ficas doente.
E, Tomás, atirou-se mais uma vez para o chão...
Beijou a neve, dizendo:
- Espera por mim! Amanhã voltarei...
Subiu as escadas e sorriu.



Espero que gostem deste pequeno conto, da inocência dele, da magia que se cria em momentos assim...
Um beijo terno e um abraço quentinho para os que ainda mantêm essa doce INOCÊNCIA do olhar de uma criança...
publicado por nOgS às 23:56

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